terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O Exercício

O Universo é neutro mas o acúmulo da bilhões de historias pessoais intercruzadas construiu ao longo dos séculos um mundo que tenta ser harmônico mas o fato é que este mundo é permeado por ignorância, automatismo e falta de compaixão. Estando mergulhados agora neste mundo e partindo do pressuposto que tentamos fazer o melhor, em que nível o que fazemos nos torna melhores seres humanos? Percebemos muitas coisas em muitos níveis que nos fazem sentir o desejo de que algumas coisas fossem diferentes e, quando sentimos indignação nos lembramos que somos humanos e inconscientemente já nos sentimos bem por isso mas, lembrar disso não é suficiente para nos aprimorar.
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O pensamento é um estágio mas são três os níveis em que tocamos o mundo concreto, pensando, falando e agindo e somente quando estes três níveis representam verdadeiramente a sua indignação interna é que o exercício de se aprimorar estará ocorrendo plenamente pois você flui como um rio de dentro pra fora e esta autenticidade o levará a escolhas e consequencias e a lida com uma e com outra trarão novas questões internas que refletirão em novas escolhas e consequencias e, assim por diante, o refinamento ocorre. Nunca estamos fora deste exercício pois viver fora deste caudaloso rio de autenticidade ja é uma escolha que gera consequencias então o processo já é ativo, estamos mergulhados nele fisicamente.
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Se abraçar esta dinâmica fosse fácil todos já o teriam feito naturalmente mas, o homem justamente guarda suas indignações, atrofiando sua essência, escolhendo o que é mais fácil no momento, isto para coisas mínimas ou grandiozas, não importa, o padrão comportamental é o mesmo, é um reflexo de proteção.

Felicidade ou Paz?

Muito se fala sobre a busca do homem pela felicidade, sendo a meta, o grande objetivo mas, vendo as lutas diárias das pessoas pelos seus objetivos sejam eles quais forem, vendo o esforço pra trabalhar as suas questões mais difíceis ou o esforço para preencher vazios internos enfim, esse movimento todo as vezes me parece não uma busca pela felicidade mas uma busca pela paz, a paz interna, esta parece ser mais concreta que a felicidade, talvez seja apenas uma questão de chamar uma mesma coisa disso ou daquilo. Quando uma pessoa escolhe não enchergar algo importante dentro de si, este fato antes de trazer infelicidade lhe tira a paz interior e não ao contrário mas esta pessoa pensará "poxa, sou infeliz" e não "poxa, não sinto paz". Se conforme o tempo for passando a paz de espírito reinar aí talvez alguem possa dizer que é feliz, mas e a paz de espirito do outro? E a paz de espírito da humanidade? Estas não são necessárias para ser feliz?
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Quando se fala em paz aquele simbolismo contemplativo e calmo é ativado mas me refiro áquela que vem quando tudo que tem para ser apasiguado é apasiguado, tudo que há para ser preenchido é preenchido. Enquanto um fica em paz quando medita ou descansa ou trabalha outro está em paz pulando de para-quedas ou ficando insône lendo um livro. Tanto a paz como a felicidade dependem dos processos internos de cada um pois, a humanidade é como uma grande cidade pulsante em que cada casa é de um jeito e tem sua história, com cômodos diferentes aguardando móveis, com as luzes acesas de acordo com a rotina de quem nela mora ou sem receber visítas há tempos e tendo paredes diferentes descascando.
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Este post está publicado no blog www.saopaulourgente.blogspot.com , o que muito me honra. Este blog de conteudo útil e muito bem trabalhado relaciona assuntos gerais e á respeito de São Paulo. Visitem!

A Rigidez da Própria Visão

Conforme estimulos bombardeiam o cérebro, um holograma é formado em nossa mente e vivemos este filme criado por nós mesmos, interagindo com o vários outros filmes dos outros. A realidade do mundo humano é então a somatória de todas as bilhões de realidades individuais sobrepostas e inter-relacionadas, a resultante desta somatória é a realidade no nível coletivo, são os pontos em que todos “concordam” e que coincidem de uma realidade para outra.
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Sendo assim, por mais que algo percebido possa ser plausivel e lógico ou ainda que algo beire realmente alguma verdade absoluta, ainda sim, é a uma concepção individual então como se pode ser rigido em relação à algo? Quando somos rigidos em relação a algo é porque os elementos da nossa biblioteca estão tão cristalizados como reais que não enxergamos literalmente outras possibilidades. Isto pode permear a tudo, uma visão de mundo, um comportamento ou as relações entre as pessoas.
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Este raciocínio faz questionar toda nossa própria biblioteca, a forma com que tudo se relaciona com tudo mas, sem a ansiedade de sair reprogramando, destruindo, negando ou fugindo mas, conseguindo ver de fora a própria visão das coisas. Perceber que certos conceitos com os quais sempre trabalhamos para interagir com o externo podem ser alterados radicalmente, trazendo num primeiro momento um vazio mas também uma sensação de leveza pois é como libertar-se das próprias defesas e das próprias escolhas inconscientes abrindo para si mesmo novas formas de enxergar o mundo e a vida, nunca havendo solução final mas apenas caminhos a seguir dentro e fora.
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As vezes enchergamos o mundo como está configurado, como tudo funciona e percebemos como há distorção, como há coisas que deviam ser diferentes mas imagine o impacto de alastrar esta visão crítica pra dentro de si, vendo as próprias distorções e finalmente ausentando-se de tudo isso para buscar ver tudo num novo nível de clareza. Não é tarefa fácil mas, deve valer a pena o movimento constante de buscar isto.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tomando Folego

Quando descolamos a mente por um segundo que seja das coisas do mundo criado pelo homem, no qual estamos todos mergulhados, mesmo que seja apenas por este breve segundo, fica clara a quantidade de entulhos “importantíssimos” que ocupam nossa mente com os mais variados niveis de profundidade, complexidade e importância mas, não importa, isto varia de pessoa para pessoa de acordo com sua história e características, o importante de se observar é o quão longe as pessoas ficam de si mesmas e da tão lembrada felicidade, não que ela exista da forma como pensa o homem ingênuo mas, pode-se flertar com ela, com certeza. Este flerte infelizmente é de difícil alcance para o homem de hoje, tão mergulhado no automatismo, inclusive no nível emocional, sempre reagindo, que está fadado a viver décadas perseguindo miragens e somente econtrando areia e mais areia, seca e vazia.
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Quando alguém experiencia algo aquilo é real para esta pessoa então se alguém totalmente envolto destes entulhos sente-se feliz, ele realmente o é, mas aonde está ancorando seu bem estar? Qual a estabilidade deste solo? Esta felicidade durará? Será que os mecanismos que trazem a sensação de felicidade a esta pessoa refinam de alguma forma o seu espírito ou apenas a fazem correr o tempo com um sorriso superficial, ainda que belo e verdadeiro? Este amontoado de palavras aparentemente pessimista é apenas o reflexo do flerte com tal realidade que hora ou outra ocorrem quando tiro a cabeça pra fora d´agua e tomo folego para novamente mergulhar em toda esta complexa sopa que é o mundo criado pelo homem.
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Uma vez tendo mergulhado novamente, tento sustentar o que vislumbrei quando estava tomando o folego mas este vislumbre vai se tornando cada vez mais vago e finalmente mingua como um sonho muito louco que não se quer esquecer mas a mente vai jogando esta memória de gaveta em gaveta, pois volta a ocupar-se com o que “é importante” até fazer aquele sonho cair no quartinho dos fundos do esquecimento, agora novamente o objeto da minha consciência são as coisas do mundo e volto a me alimentar delas como todos os outros, sorrindo feliz da vida!
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Escrevo tentando evitar este esquecimento mas percebe-se que só fica o lamento, o que tinha mesmo do outro lado... não me lembro.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Crianças no Gira-Gira

Um grande exercício para buscar flutuar menos entre as polaridades da dualidade é tentar, mesmo estando mais próximo do seu polo negativo, manter vivo e fresco na consciência tudo aquilo de elevado e inspirador que foi alcançado quanto tudo estava “bem e estável”. Porque é bem comum "amaldiçoar" as próprias conclusões quando as coisas já não estão fazendo tanto sentido.
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É como quando as crianças brincam no gira-gira, elas aceleram cada vez mais, rindo e gritando, é cada vez mais difícil manter-se firme no brinquedo, tendo exigida muita força dos braços que agarram firme e evitam que o corpo seja atirado para fora do brinquedo. O centro do gira-gira representa o equilíbrio, a força que tenta atirar as crianças para longe deste centro são todos os obstáculos da vida que nos cegam para a real natureza das coisas, a área que circunda o gira-gira representa os estados de espírito gerados quando o ser-humano se entrega á qualquer extremo, perdendo-se e distorcendo sua visão de mundo.
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A tentativa constante da criança manter-se presa ao brinquedo agarrando-o firmemente com os braços, tentando alcançar seu centro, onde tudo é dinâmico mas equilibrado é exatamente este exercicio de, mesmo estando na dinâmica que afasta do centro, manter a “mira” neste mesmo centro. Quanto mais firme é este treino, mais firme se mantém neste eterno movimento rumo ao centro “do gira-gira”.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A Experiência da Separação

O homem experiencía tudo que se relaciona a “ser um indivíduo” porque experiencía, antes de mais nada, a Separação. Ter a consciência individual é ter a sensação de estar separado do todo, trazendo muitas experiências impossíveis de serem vivídas quando se esta completamente consciênte da ligação que se têm com este todo. Somos uma fração deste todo manifesta por meio de um copro físico e esta condição nos trás todo o pacote de sensações inerentes ao ser-humano. Quando um ser-humano “desperta” ele torna-se consciênte da Separação logo, sofre ou ilude-se menos diante das coisas do mundo. Quando um ser-humano “se ilumina”, ultrapassa a consciência da separação, alcançando um outro patamar da existência.
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A experiência da separação serve para mergulharmos em perspectivas que, com muito ou pouco custo, nos sirvam para crescer e nos aprimorar profundamente. E para isso acontecer tem que ser “de verdade” ou seja, na carne, então, nascemos totalmente esquecidos disso e assim, podemos viver coisas como a solidão, a angustia e a saudade e assim aprender com estas coisas, entendendo que precisamos dos outros humanos, precisamos nos harmonizar com eles, numa busca constante de simular este retorno ao todo mal sabendo que, na verdade, nunca fomos separados de nada.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Uma Longa Linha

O mundo físico é neutro, ele é o palco que permite qualquer manifestação e, embora apenas escolhas harmônicas com a essência evoluam o espirito, este palco permite a manifestação a partir de qualquer escolha possível. Tem que haver a possibilidade delas ocorrerem, se assim os seres manifestos decidirem, pois é na sua ocorrência somada à toda rede de consequências que estes seres aprendem, mesmo que suas escolhas estejam baseadas em pensamentos tão cristalizados que elas se repitam indefinidamente, configurando um padrão.
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Numa persperctiva mais ampla da linha do tempo da existência, este “indefinidamente” é um piscar de olhos, nela, o ser manifesto vai, no seu rítmo, conciliando a dualidade existente dentro dele e então, embora o palco neutro do mundo físico permita qualquer manifestação, suas escolhas flutuarão cada vez menos entre os polos da dualidade atingindo o caminho do meio, onde tudo cabe na medida certa. A partir deste ponto, nessa linha do tempo, o ser manifesto vê tudo como realmente é, tornando-se neutro como o proprio mundo que o suporta, agindo então com total equilibrio, a isto se chama equanimidade.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

E lá se foi...

Nos deparamos sempre com a constante transformação do ser em uma nova versão de si mesmo e, por mais que tente fixar algumas destas versões, ainda sim elas continuam indo e vindo. Este é o processo que leva a constatação de que não "somos algo" mas "estamos sendo", sempre flutuando ao longo do rio da vida, escolhendo quais lobos alimentar dentro de nós, com a ilusão de possuir livre-arbítrio, de possuir um grande pacote de escolhas senão a de seguir a essência.
Sim, não há muitas opções a "escolher", uma vez que, se você escolher não seguir sua essência, ou o que sua alma pede, só estará dando uma volta maior para chegar no mesmo lugar. Não há saída senão aprender a flutuar por este rio vasto e desejar sempre o que ele trás no momento, se o rio trás lama, desfrute essa lama com profundidade, se o rio trás água quente, não deseje água fria para refrescar, pois deixará de desfrutar a água quente e além do mais, nada mais dinãmico que o fluir de um rio, então saiba, a água fria uma hora virá e aí, sentiras saudade da água quente?
Desejar o que o rio trás nada tem a ver com conformismo em relação aos fatos da vida mas com aproveitar com plenitude a única coisa que se tem de verdade, o Agora.
O ser humano não é um eterno insatisfeito, é um ser que sempre deseja o "por vir", deixando o presente passar batido, porque é mais feliz vivendo o futuro ideal dentro da mente do que a simplicidade e sutileza do momento presente... ... ....E lá se foi uma vida inteira...